segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Análise de Imagem

Na aula de hoje, 11 de novembro, como atividade final, analisamos uma imagem, segundo a abordagem sociossemiótica de kress e van Leuvenner. Minha equipe (Josimar, Nildo, Aléssia e Arly) selecionou a capa do catálogo d’O Boticário para o dia dos Namorados.



Metafunção

Representacional
- Narrativa, transicional e bidirecional – os participantes encerram uma ação mútua de troca de carinhos.
Interativa
- Contato: oferta – os participantes se oferecem à interpretação do observador;
- Distância social: afastamento – em plano aberto (long shot), os participantes põem-se como algo a ser contemplado à distância;
- Perspectiva: ângulo oblíquo – alheamento, pois os participantes agem como se ignorassem a existência de observadores;
- Modalidade ou valor de verdade: não naturalista – os participantes posam para foto.
Composicional
- Valor de informação: em cima, a informação ideal – “viva linda com O Boticário” – embaixo, a informação real – “Tentações irresistíveis. Neste dia dos namorados, curta momentos a dois com presentes exclusivos de O Boticário.”
- Saliência: fontes – tamanhos, formas e cores; brilho; superposição de imagens para sugerir sete situações do dia-a-dia, em sintonia com o enunciado  “Descubra as sete novas fragrâncias de Egeo Tentações”, no meio da capa, lado direito.
- Estruturação: fraca, porque os elementos que compõem a capa não aparecem em espaços delimitados por linhas claras, exceto a sentença “Entregue-se”, cujo fundo na cor rosa a deixa em relevo.

Outras equipes e suas análises:
- A equipe de João Vitor analisou uma capa da revista Veja em cujo centro está a imagem do ex-presidente Lula, vestido de presidiário.
- A equipe de Flávia Oliveira analisou blogs. Um deles, cujo título é Blog do Poeta, cria um ethos (a imagem de si que autor passa para o seu leitor) negativo, pois o blog não é sobre poesia nem poeta é sobrenome de seu autor. Essas expectativas não confirmadas dão ao blog um sentido de falsidade ou, ainda, amadorismo, pois a escrita do título parece ter sido fruto de uma escolha alheatória, e não de um planejamento, que levasse em conta o assunto do blog e a mensagem de si mesmo que seu autor gostaria de transmitir.
- A equipe de Eliezer analisou um blog sobre moda feminina. A imagem selecionada por eles, para análise, mostrava uma modelo, (autora do blog) posicionada à frente de três grandes quadros, tendo como fundo uma parede branca. Entre outras coisas, eles notaram que, na imagem, a modelo disputava espaço com os quadros, porque ora o observador poderia desviar sua atenção para ela, ora para os quadros. Assim, a composição da imagem não favorece a autora do blog a realizar o objetivo ao qual, supostamente, ela se propunha, qual seja: propagandear moda feminina. Isto porque, na leitura da imagem apresentada, a atenção do leitor permanece divindade entre as duas informações mais salientes: a modelo e os quadros.
- A equipe de Alcilene Vieira analisou uma capa da revista Superinteressante em cujo centro há uma composição de talheres, prato, molha de tomate e macarrão, que nos faz lembrar um crânio humano mergulhado em sangue, e, ao lodo, como título da capa, a frase “O perigo do glúten”.

Abordagem Sociossemiótica

Na aula de hoje, 04 de novembro, falamos sobre a abordagem sociossemiótica para a leitura de imagem proposta por Kress e van Leeuwen.

A abordagem desses autores foi inspirada na gramática sistémico-funcional de Halliday. Donde, metafunções, tais como a representacional, a interativa e a composicional, guiam a leitura de imagem.

A seguir, reproduzimos um quadro expositivo para as metafunções.

Halliday (1978)
Kress e van Leeuwen (1996)

Ideacional
Representacional
Responsável pelas estruturas que constroem visualmente a natureza dos eventos, objetos e participantes envolvidos, e as circunstâncias em que ocorrem. Indica, em outras palavras, o que nos está sendo mostrado, o que se supõe esteja “ali”, o que está acontecendo, ou quais relações estão sendo construídas entre os elementos apresentados.
Interpessoal
Interativa
Responsável pela relação entre os participantes, em que os recursos visuais constroem “a natureza das relações de quem vê e o que é visto” (KRESS e VAN LEEUWEN, 2006).
Textual
Composicional
Responsável pela estrutura e formato do texto, refere-se aos significados obtidos através da “distribuição do valor da informação ou ênfase relativa entre os elementos da imagem”.
Fonte: Adaptado de Fernandes e Almeida (s/d). Revisitando a gramática do visual.


O professor Luiz Fernando Gomes trouxe alguns exemplos, em que, supostamente, analisavam-se imagens, como Abaporu, de Tarsila do Amaral. Notamos que, quase sempre, seus proponentes se fixam naquilo que está disponível para todos, ou seja, naquilo que é percebido na superfície da imagem. Donde a descrição de elementos reconhecíveis como cores, formas, objetos, etc., sem, contudo, a partir daí conseguirem extrair algum sentido além daquilo que os seus olhos veem.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Leitura de Imagem

Na aula de hoje, 28 de outubro, falamos, entre outras coisas, sobre a leitura de imagem. Vimos que o termo linguagem é impreciso. Por isso, os estudiosos usam a expressão modo de representação, e não linguagem visual, quando tratam de imagem. Além disso, os signos não são as coisas, mas representações das coisas. Toda representação serve para expressar algo, seguindo diferentes modos. Assim, podemos falar de modos de expressão, já que tudo aquilo que é representativo também é expressivo.

No caso da leitura de texto e imagem, devemos começá-la pelo layout – o uso dos espaços tipográficos. Podemos sugerir uma hierarquia para as informações, dando-lhes maior ou menor destaque (saliência), como no recorte da homepage abaixo (imagem 1).

Imagem 1: Disponível em: http://www.msn.com/pt-br/?ocid=mailsignoutmd&AR=1


Cada modo de representação tem um affordance (aptidão). Por exemplo, as palavras são boas para narrar o mundo; a imagem é boa para mostrar (ilustrar) o mundo.

Imagem 2: Disponível em: http://www.ufrgs.br/biologiacelularatlas/morfo5.htm
A abordagem semiótica, cujo precursor foi Roland Barthes, é uma possibilidade teórica para a leitura de imagem. Essa abordagem trabalha, principalmente, dois níveis de leitura: denotação e conotação. A denotação consiste na mensagem icônica, isto é, na identificação de elementos perceptíveis na imagem (cores, formas, texturas, etc.), que portariam uma mensagem.

Imagem 3: Silhuetas de homens e de mulheres, aparentemente, jovens, cujas mãos erguem em direção aos céus. Há pouca luminosidade, o que sugere o crepúsculo vespertino. 
 A conotação consiste na mensagem codificada, isto é, na captação da mensagem contida nesses elementos percebidos. Logo, a denotação é o nível de leitura mais superficial, e a conotação o mais profundo.

Imagem 4: Temos, pelo menos, duas leituras igualmente aceitáveis: (1) jovens em estado de euforia num espetáculo de música ao ar livre; (2) jovens em adoração a Deus, numa demonstração de esperança na salvação para a vida eterna.
Como podemos notar, as imagens não dizem tudo. Em muitos contextos, elas podem precisar do apoio do verbal. Esse é o caso das diferentes leituras da imagem 4 acima.

sábado, 24 de outubro de 2015

Atividade

Na aula de hoje, 21 de outubro, respondemos, em grupo, à atividade de revisão a seguir.

 1) Aponte as principais semelhanças e diferenças entre texto e hipertexto, dividindo-as em três categorias: 1) sua constituição; 2) questões referentes à leitura; 3) questões referentes à sua produção para fins educacionais, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem.

TEXTO – HIPERTEXTO

Semelhanças
(texto e hipertexto)
Diferenças
Texto
Hipertexto
Constituição
multimodal
unidimensional;
sequencial.
multidimensional;
descentralizado (rede);
links.
Leitura
pressupõe um leitor;
não linear;
processamento cognitivo;
“controlada” pelo leitor.

facilidade de acesso a outros textos
Educação
pressupõe objetivos

tipos de links

 2)  Qual a relação entre internet, web e hipertexto?

Podemos dizer que há entre a internet, a web e o hipertexto uma relação de dependência, já que o hipertexto, como um sistema aberto, formado por textos associados de modo não linear e/ou descentralizado, precisou do advento da internet para existir. No início, o hipertexto – que, na verdade, era um sistema de indexação de livros de modo não linear, para fins pessoais – idealizado por Vannevar Bush dependia de microfilme (sistema fechado). Com o surgimento da internet foi que TedNelson desenvolveu o hipertexto baseado em computador, aliás o próprio Ted Nelson foi quem cunhou o termo hipertexto em um artigo, que tratava de seu projeto Xanadu, que, por sua vez, é tido como o precursor da web. Xanadu foi idealizado como um sistema aberto, ou seja, no qual todo o seu conteúdo poderia ser acessado de maneira não hierárquica.

3) Quais as principais funções dos links? Dentre as funções chamadas retóricas, quais as que vocês percebem como as mais importantes ou mais usuais?

Há duas funções principais para os links: a função retórica e a função estrutural. Dentre os links cuja função é retórica, as mais comuns são: ampliar, induzir e ilustrar, entretanto, não necessariamente nessa ordem.

4) Sobre os chamados gêneros digitais, apresentem a(s) definições de gêneros que perceberam ser mais produtivas para suas pesquisas/atividades com as linguagens no meio digital. Com base nessa(s) teoria(s) façam um elenco de gêneros digitais, justificando cada um dos gêneros elencados mediante um enquadramento teórico.
     
      Em se tratando de gêneros digitais, o que percebemos é que a filiação teórica de cada autor apresenta pontos de vista diferentes a esse respeito. Dentre eles, salientamos o de Araújo (2014). Para o autor, não há uma categoria de análise que possamos chamar de gêneros digitais, pois, em sua visão, os gêneros atendem a demandas de uma dada esfera de atividade humana (direito, literatura, pedagogia, jornalismo, etc.), não sendo possível caracterizarmos a internet como uma esfera de atividade humana, mas como um meio aglutinador das várias esferas de atividade humana existentes. Teríamos, portanto, um meio digital, e não propriamente uma nova esfera de atividade humana, que faça emergir novos gêneros, para atender suas próprias demandas. Desse modo, concordamos com Araújo, quando ele propõe o termo gênero discursivo digital, para nomear os gêneros que aparecem no meio digital, enfatizando, assim, que se trata de um gênero duma esfera discursiva no meio digital, e que esse está sujeito aos limites e possibilidades inerentes a esse meio. Essa posição não descarta as diferenças entre gêneros discursivos analógicos e gêneros discursivos digitais, mas enfatiza a nova modalidade da comunicação feita para o meio digital. Por isso, Araújo aponta o processo de reelaboração como o modo pelo qual os gêneros discursivos ascendem ao meio digital, através de procedimentos como mashup e remix, que resultam em gêneros discursivos digitais híbridos.
      Por motivos óbvios, descartamos a possibilidade de elencarmos gêneros digitais. 

sábado, 17 de outubro de 2015

Vejam aí

Iniciamos a aula. Fala o professor. Retoma as discussões da aula passada. Propõe a dinâmica da aula. Diz que hoje a aula vai ser assim:
 - Apresentação dos trabalhos sobre gêneros digitais e hipertexto, e apresentação de respostas à atividade de revisão anunciada na aula passada, respectivamente - conclui. 
Assenti com a cabeça. 
Somos poucos alunos em sala. O professor fala sobre a ABEHTE
- Na minha opinião, seria razoável pensarmos em alterar o nome de algumas associações que incluem a palavra hipertexto em seus títulos, já que muitas delas não tomam o hipertexto como objeto de estudo. Hoje, podemos dizer que elas, no limite, tangenciam o tema do hipertexto. Preferem se dedicar ao estudo de modismos (e-mail, blog,  Orkut,Twitter, AVA, games, etc.) ou ao estudo de temas associados (interação, multimodalidade, interatividade, aprendizagem/escrita colaborativa, literatura, jornalismo, etc.). Prova disso são as palavras-chave retiradas dos títulos de artigos públicos em eventos organizados por essas associações, que foram, por mim, sistematizadas nesses slides. Vejam aí - aponta.
Olhei. Medi. Matutei. Voltei a medir e resolvi:
- Para mim, está bem. Justo. Ele tem razão - pensei, ordinariamente.
Num canto do caderno, anotei o seguinte: 

Primeiro, Josineise e Sandra apresentaram o artigo “Gêneros digitais: as TIC como possibilidades para o ensino de Língua Portuguesa”. Em seguida, Eliezer expôs seu hipertexto educacional. Ele montou um material para a aula de inglês, "linkando" diferentes textos: uma atividade, a letra de uma canção e um dicionário on line. Por fim, Edson apresentou seu trabalho sobre os “Gêneros textuais digitais ensino/ aprendizagem da web literatura, o caso dos weblogs”, de Jéssica Souza Carneiro.

No mais, lembro-me vagamente de alguém a me perguntar se teríamos aula no dia seguinte. Acho que foi Flávia. Sim, foi a Flávia.